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Prefeito pede ajuda estrangeira, critica presidente e toma medidas ‘antipáticas para evitar as desastrosas’

Diante do aumento expressivo do número de casos confirmados e de óbitos por Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, em Manaus, o prefeito Arthur Virgílio Neto anunciou que reforçará as medidas para manter o isolamento social na capital do Amazonas e declarou que vai pedir ajuda internacional, para o enfrentamento à doença. “Momentos duros exigem que se tomem atitudes antipáticas para que não sejam desastrosas”, avaliou.

Arthur Virgílio anunciou que enviará um pedido de ajuda aos principais líderes dos governos internacionais. “Estamos pedindo socorro ao presidente e estou escrevendo cartas e gravando vídeos para enviar ao G20, dizendo que a Amazônia faz tanto por eles, segurando a temperatura com sua floresta e seus rios, e está na hora de eles devolverem isso, com médicos voluntários, medicamentos, equipamentos. É um pedido de socorro da Amazônia, com humildade e altivez”, desabafou o prefeito.

Em entrevistas à imprensa local, nacional e estrangeira, Arthur Virgílio tem anunciado o colapso na saúde do Estado e criticado a postura do governo federal diante da pandemia, além de reforçar que o momento é de se manter em casa. “Condeno tanto a atitude do presidente da república, quando gera aglomeração, quanto a das pessoas que não seguem a orientação de manter o isolamento social. Cada um deve pagar sua cota de sacrifício”, rechaçou.

No início da semana, o prefeito de Manaus se encontrou com o vice-presidente Hamilton Mourão, junto com o governador do Amazonas, Wilson Lima, e destacou ter sido verdadeiro ao expor as principais demandas para enfrentar a doença, exigindo soluções imediatas. “Chega de conversa, é hora de o governo federal agir. Não podemos mais esperar que avaliem e decidam algo daqui a tantos dias, porque tantas pessoas já terão morrido”, advertiu.

Dentre as medidas mais recentes citadas pelo prefeito, está oferecer a opção de um crematório, a partir de uma parceria, para que os parentes de mortos possam ter outra opção além do enterro, que em Manaus começou a ser feito a partir das chamadas trincheiras ou valas coletivas, mas preservando a identidade dos corpos e os laços familiares. Outra medida, segundo ele, restringe o número de passageiros em ônibus do transporte coletivo, recomendando uso de máscaras de proteção e itens de higiene.

“As pessoas não estão se isolando. Diariamente, temos registro de enterros com óbitos por causas desconhecidas, por insuficiência respiratória. São pessoas que não foram testadas para a Covid-19. Vou ser bem claro, estamos longe do fim da doença e próximo do pico, que deve ser em meados de maio. Precisamos tomar atitudes que encurralem esse vírus da Covid-19”, avaliou o gestor, com 40 anos de vida pública e pela terceira vez prefeito de Manaus.

Enquanto isso, na saúde, o prefeito ressalta que a Prefeitura de Manaus está indo além do seu papel, de suporte à atenção básica. Com a criação do hospital de campanha municipal Gilberto Novaes, instalado na estrutura de uma unidade de ensino pronta para ser entregue, o município ajuda a aliviar o caos na saúde de média e alta complexidade e pretende ampliar ainda mais o número de leitos, que tem 56, atualmente, e pretende chegar a mais de 150. Caso venha a ajuda federal, esse número pode subir para mais de 270. “Isso não é um hospital de campanha, é um gesto de amor”, afirmou Virgílio.

Repercussão

O alerta feito por Arthur Virgílio Neto sobre o colapso no sistema de saúde de Manaus vem sendo amplamente repercutido na imprensa do Brasil e do mundo. À agência internacional de notícias Sputnik, o prefeito comparou a gravidade do momento ao enfrentamento de outras doenças na capital. “Passamos por dengue, chikungunya, sarampo, mas nunca passamos por um teste tão sério, duro e definitivo quanto o novo coronavírus”, pontuou.

Para a CNN Brasil, Arthur destacou o estado de calamidade pública que a capital amazonense vive, referindo-se também à situação funerária e apontando o crescente número de mortes diárias, que já supera a média de cem óbitos. “Já ultrapassamos a fase de emergência e, até agora, não houve ajuda federal decisiva. Seguimos alheios a qualquer auxílio nesse sentido”, evidenciou.

O posicionamento sobre a crise funerária em Manaus também foi abordado pelo jornal “Folha de São Paulo“. Em entrevista ao veículo, o prefeito se emocionou quando foi questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro ao dizer que não é coveiro para saber o número de mortes por Covid-19 no Brasil.

“Queria dizer para ele que tenho muitos coveiros adoecidos. Alguns em estado grave. Tenho muito respeito pelos coveiros. Não sei se ele serviria para coveiro. Talvez não servisse. Tomara que ele assuma as funções de verdadeiro presidente da República. Uma delas é respeitar os coveiros”, desabafou. As declarações também foram repercutidas por noticiosos como “O Globo”, “Quebrando o Tabu” e “Mídia Ninja”.

Fonte Prefeitura de Manaus

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